"O Agrimensor contribui com a paz social através da determinação de limites."

Estação total posicionada sobre tripé realizando levantamento planialtimétrico em área de escavação, com marcações de campo visíveis e relevo acidentado ao fundo, utilizada para medições topográficas de precisão em obras de engenharia civil.

1) O que é

 É tirar muitas fotos aéreas (com drone/avião), juntar tudo no computador e criar um mapa em alta resolução que mede distâncias e áreas com precisão.

Base técnica:
Aerofotogrametria utiliza sobreposição de imagens para reconstruir a geometria por fototriangulação/SfM e gerar ortomosaico (ortofoto), nuvem de pontos densa, MDT/DSM/DTM e curvas de nível, georreferenciados (preferencialmente SIRGAS2000/UTM).

2) Ortofoto x foto comum x ortomosaico

  • Foto comum: “entorta” prédios e medidas.
  • Ortofoto: foto corrigida, “reta”, serve para medir.
  • Ortomosaico: muitas ortofotos coladas formando um mapa grande.

Base técnica:
Ortorretificação remove inclinação/relvo/paralaxe usando modelo de terreno (DTM/DSM) e parâmetros internos/externos da câmera; ortomosaico é o mosaicamento dessas ortofotos com costuras (seamlines) otimizadas.

3) Para que serve (aplicações)

  • Medir áreas, planejar obras, mapas de fazenda, conferir plantio e estradas.
  • Ajudar em retificação/desdobro/unificação (como base visual).

Base técnica:
Cartografia de alta resolução, monitoramento de solo/vegetação, volumetria (pilhas/escavações), as built, estudos de erosão/drenagem, apoio a regularização fundiária (como base, não substitui levantamento perimetral normatizado).

4) O que eu recebo (entregáveis)

  • Ortofoto GeoTIFF (mapa em alta resolução).
  • Arquivo CAD/GIS com limites/medidas.
  • Relatório simples de precisão.

Base técnica:

Ortomosaico GeoTIFF (com .tfw embutido), DSM/DTM (GeoTIFF), nuvem de pontos (LAS/LAZ), curvas de nível, shape/geopackage de feições, DWG/DXF, relatório de QA/QC (RMSE, GSD, pontos de checagem) e metadados (SRID, datum, projeção).

5) Precisão: do que ela depende

Da altura de voo, da qualidade da câmera, da quantidade de sobreposição e dos pontos no chão (GCPs).

Base técnica:

  • GSD (Ground Sampling Distance) ≈ f(altura, focal, pixel): GSD menor → mais detalhes.
  • GCPs/Checkpoints bem distribuídos reduzem RMSE horizontal/vertical.
  • RTK/PPK embarcado diminui GCPs obrigatórios, mas checkpoints continuam recomendados.
  • Condições: vento, iluminação, textura do terreno influenciam a correspondência.

6) Planejamento de voo (parametrização)

 Escava com máquina, coloca no caminhão e leva pro lugar do aterro.

Base técnica:

  • Escavação por degraus seguros, taludes provisórios estáveis.
  • Proteção contra chuva (drenagem provisória).
  • Controle de mistura de materiais (evitar orgânicos/entulho em aterro estrutural).

7) RTK/PPK x GCPs

 Drone com RTK/PPK melhora a posição das fotos. Mesmo assim, é bom ter pontos de checagem no chão.

Base técnica:

  • RTK (tempo real) e PPK (pós-processado) reduzem erro absoluto das câmeras.
  • GCPs continuam úteis para amarrar o bloco e calibrar; Checkpoints independentes validam RMSE.
  • Em vegetação alta ou baixa textura, GCPs estratégicos evitam artefatos.

8) Produtos de terreno: DSM, DTM, MDT, curvas

  • DSM: “topo” de tudo (solo + árvores + construções).
  • DTM: só o solo.
  • Curvas: linhas que mostram a altura.


Base técnica:

  • DSM para volumetria/planejamento
  • DTM para orto precisa e hidrologia; gerar DTM requer filtrar vegetação/edificações.

9) Fluxo de trabalho (campo → escritório → entrega)

  1. Marcar pontos no chão,
  2. Voar e fotografar,
  3. Processar no software e
  4. Entregar o mapa.

Base técnica:

  • Campo: implantar GCPs/Checkpoints, medir em SIRGAS2000/UTM (RTK/base).
  • Voo: plano com overlaps, controle de exposição, registros EXIF.
  • Processamento: aerotriangulação, densa, geração de orto/DSM/DTM, QA/QC (resíduos, RMSE, histograma de alturas).
  • Entrega: GeoTIFF (tileado se necessário), LAS/LAZ, DWG/DXF/SHP, relatório.

10) Ortofotos para cartório e obras

 A ortofoto ajuda a entender e explicar, mas não substitui o levantamento topográfico para o cartório.

Base técnica:
Para atos registrais (retificação, usucapião etc.), exige-se planta/memorial conforme NBR 13.133 (e, no rural, SIGEF/INCRA). A ortofoto é base cartográfica e evidência visual que complementa, não substitui, a perimetria.

11) Calibração, câmera e sensores

Câmera boa e estável dá mapa melhor.

Base técnica:

  • Parâmetros internos (focal, ponto principal, distorção radial/tangencial) calibrados melhoram o bloco.
  • Rolling shutter e obliquidade podem gerar distorções; prefira global shutter ou velocidade alta.
  • Multiespectral/NIR exigem painéis de calibração e metadados radiométricos (se for fazer índices vegetativos).

12) QA/QC — como provar que está preciso

 Comparar os pontos medidos no chão com o mapa: se bater, está bom.

Base técnica:

  • Checkpoints fora do ajuste para RMSE XY/Z.
  • Relatórios de resíduos na aerotriangulação, heatmaps de erro, validação visual de seamlines.
  • Padrões de aceitação de acordo com GSD e uso (cadastral, projeto, monitoramento).

13) Limitações e cuidados

 Água, capim alto balançando, vidro e sombra atrapalham. Vento forte e pouca luz também.

Base técnica:

  • Água/superfícies especulares: perdem amarras.
  • Vegetação movendo → ruído no DSM.
  • Paralaxe em objetos altos perto de bordas → usar multigrid/oblique.
  • Radiometria inconsistente → ajustar exposição/white balance; se necessário, equalização.

14) Integração CAD/GIS/BIM (entregas digitais)

 Dá pra abrir no AutoCAD e no QGIS e usar no projeto.

Base técnica:

  • DWG/DXF com layers, SHP/GeoPackage, GeoTIFF com SRID documentado, LAS/LAZ com classificação quando aplicável.
  • LOD compatível com o projeto; tile cache (XYZ/WMTS) para web.

15) Regras de voo e responsabilidade

Respeitar as regras de drone: lugar permitido, altura, distância de pessoas e autorização quando precisa.


Base técnica:
Observar normas da aviação e espaço aéreo (autoridade aeronáutica e controle do espaço), zonas restritas, privacidade e segurança operacional; checar autorizações/NOTAM quando aplicável.

16) Passo a passo prático (rota enxuta)

  1. Defina o objetivo (mapa, volume, curvas).
  2. Planeje o voo (altura, overlap).
  3. Marque GCPs e voe
  4. Processe e confira com pontos do chão.
  5. Entregue ortofoto + arquivos + relatório.


Base técnica:
Escopo/precisão → GSD-alvo → plano de voo (overlap/velocidade/tempo) → GCPs/RTK/PPK → coleta → processamento (AT/densa/DSM/DTM/orto) → QA/QC (RMSE/Checkpoints)GeoTIFF/LAS/DWG/SHP + metadados.

17) Erros que custam caro (evite!)

  • Pouca sobreposição.
  • Sem GCP nem RTK/PPK.
  • Vento forte/foto tremida.
  • GSD alto demais (pouco detalhe).


Base técnica:
Underlap (<70/60), GCPs mal distribuídos, boresight inconsistente, blur por velocidade/tempo de exposição, curvas falsas por DTM ruim, seamlines passando por objetos altos, metadados ausentes.

18) Resumo

Voo bem planejado + GCP/RTK + processamento caprichado = ortofoto que mede certo.


Base técnica:

  • Defina GSD/overlap pelo objetivo;
  • Garanta controle geodésico (GCP/Checkpoints/RTK/PPK) em SIRGAS2000/UTM;
  • Entregue orto/DSM/DTM/nuvem com QA/QC documentado e metadados completos.