"O Agrimensor contribui com a paz social através da determinação de limites."

Estação total posicionada sobre tripé realizando levantamento planialtimétrico em área de escavação, com marcações de campo visíveis e relevo acidentado ao fundo, utilizada para medições topográficas de precisão em obras de engenharia civil.

1) O que é

A estação total é um aparelho que mede ângulos e distâncias. Com um prisma (alvo refletor), ela calcula coordenadas do ponto.

 

Base técnica:
Instrumento eletro-óptico que combina teodolito (ângulos Hz/V) e EDM (medidor eletrônico de distância). O feixe retorna pelo prisma (ou por superfície no modo sem prisma/reflectorless), permitindo obter distância inclinada (s), ângulo horizontal (Hz) e vertical (V), convertidos em E/N/Z.

2) Para que serve

  • Levantamentos de terrenos, obras e fachadas.
  • Locação de eixos, cantos, cotas.

Base técnica:
Poligonais, irradiações, resecção (free station), locação por coordenadas, monitoramento, as built, controle geométrico de estruturas e taludes.

3) Componentes e acessórios

  • Estação,
  • tripé,
  • prisma com haste e base nivelante,
  • bateria.

 

Base técnica:

Tribrach com prumo (óptico/laser), prumo externo, mini/prisma 360°, targets refletivos, adaptadores de altura, coletor (ou Bluetooth), bastão graduado, bolha e nível.

4) Como funciona (resumo)

 A estação “atira” um feixe até o prisma, mede ângulo e distância, e o software calcula a coordenada.

 

Base técnica:
O EDM mede tempo de ida/volta (ou fase). Com Hz/V e s, a estação resolve DH = s·cos(V) (ou função equivalente, conforme convenção) e Δh a partir de V e alturas Hi/Hp informadas.

5) Tipos de prisma e quando usar

  • Circular padrão (uso geral),
  • mini (lugares apertados), 360° (rastreamento/robotizada),
  • alvo adesivo (curtas distâncias).


Base técnica:
Prismas possuem constante/offset específicos; alvos 360° têm offsets próprios; mini aumentam precisão em curta distância; targets refletivos limitam alcance/precisão.

6) Constante do prisma (o erro nº 1 do campo)

Cada prisma tem um valor que precisa ser configurado na estação. Se errar, todas as distâncias saem erradas.

 

Base técnica:
Defina a constante/offset exatamente como o fabricante informa (valores comuns: 0, −17.5, −25, −30, −34.4 mm, etc.). Padronize por equipe/obra e registre no relatório.

7) Montagem e centragem (começo certo)

  • Tripé firme, estação no centro do ponto e nivelada.
  • Altura da estação (Hi) medida e anotada.

 

Base técnica:
Centragem com prumo óptico/laser, nível tubular e esférico ajustados; reapertar sapatas; registrar Hi ao milímetro; conferir colimação (Face L/R) em estações críticas.

8) Backsight/orientação (referência do azimute)

 Aponte para um ponto conhecido (ou marque um provisório), “zerei” o ângulo e comece a medir.

 

Base técnica:
Definição de estação e visada de orientação (backsight) por coordenada (azimute calculado) ou ângulo zero. Checar reverso (Face L/R) reduz erro de colimação.

9) Medida de alturas (Z)

Serve para corrigir medidas (retificação), dividir (desdobro) ou juntar (unificação) — quando não pedem altura.


Base técnica:

Atende exigências de descrição perimetral (limites, confrontações, coordenadas). Se o ato exigir georreferenciamento rural ou altimetria, migrar para o planialtimétrico e/ou certificação SIGEF (conforme o caso).

10) Correções ambientais e EDM

 Se estiver muito quente ou muito frio, a distância pode variar um pouco; a estação tem ajuste.

 

Base técnica:
Inserir temperatura/pressão (e umidade quando aplicável) para correção do índice de refração (ppm). Para longas distâncias, considerar curvatura/refração e modo fino/rastreamento.

11) Modos de trabalho

  • Irradiação: do ponto da estação para vários pontos.
  • Poligonal: vai mudando a estação e fechando o perímetro.
  • Revisitar pontos pra conferir.


Base técnica:

  • Traverse/poligonal com fechamento angular/linear.
  • Resection/free station com 2–3 pontos de controle.
  • Stakeout/locação por coordenadas, offset, linha/eixo, perfis.

12) Precisão do instrumento (o que esperar)

Quanto melhor a estação, menor o erro de ângulo e distância.

 

Base técnica:
Classes típicas: 1″–5″ em ângulo; EDM na ordem de ±(1–3 mm + 1–2 ppm) com prisma; sem prisma tem alcance/precisão piores. Confirme no manual da sua unidade.

13) Fluxo de coleta (campo → escritório)

  1. Medir pontos,
  2. Salvar no equipamento e
  3. Passar pro computador (planilha/desenho).

Base técnica:
Codificação de feições, CSV/SDR/XML/DXF; metadados (Hi, Hp, constante do prisma, SR/projeção). Revisar duplicidades/outliers e gerar planta, memorial e QA.

14) Locação (staking)

 Aparelho mostra quanto falta pra chegar no ponto; você anda com o prisma até zerar.

 

Base técnica:
Rotinas de stake HU/HD/VD/ΔE/ΔN/ΔZ, offset à linha, locação de eixo/estacas, tolerâncias de obra. Requer calibração e configurações coerentes (SR, alturas, constante).

15) Testes e calibrações de rotina

 De vez em quando, confira se está “mirando certo”.

 

Base técnica:

  • Teste de duas estacas (colimação).
  • Index error vertical (V=0/180).
  • EDM em linha base conhecida.
  • Verificação de bolhas, prumo, tribrach e haste (prumo e bolha).

16) Segurança, ergonomia e conservação

Não derrube, não mire no olho das pessoas, proteja de chuva e poeira.

 

Base técnica:
Laser classe segura, transporte travado, estojo e sílica, bateria em ciclos saudáveis, limpeza de lentes com pano apropriado, checklist diário.

17) Erros comuns (e como evitar)

  • Constante do prisma errada.
  • Altura da estação/prisma medida errado.
  • Prisma torto ou bolha fora.
  • Esquecer temperatura/pressão.

 

Base técnica:
SR/projeção incorretos, Face única em visadas longas, sem backsight confiável, reflectorless fora de especificação (vidro/água), dados sem metadados.

18) Boas práticas de QA/QC

Sempre conferir com um ponto conhecido e repetir medidas importantes.

 

Base técnica:
Redundância (Face L/R), backsight de controle, fechamento angular/linear em poligonais, checkpoints independentes, relatório com RMSE e tolerâncias da obra.

19) Entregáveis recomendados

  • Planta dos pontos,
  • Tabela de coordenadas,
  • Memorial (se for perímetro),
  • Relatório com medições.

 

Base técnica:
DWG/DXF (layers padronizados), CSV (ID;E;N;Z;Cód), PDF em escala com carimbo (SR, constante, Hi/Hp), relatório (métodos, parâmetros ambientais, tolerâncias, QA).

20) Passo a passo prático (rota enxuta)

  1. Monte e nivele a estação,
  2. Aponte o backsight,
  3. Configure constante do prisma e alturas,
  4. Meça (Face L/R nos pontos-chave),
  5. Revise no campo,
  6. Exporte e gere a planta.

 

Base técnica:
Planejamento → centragem/nivelamento → orientação → parâmetros EDM/ambientais → coleta com redundância → QA (fechamentos) → processamento e documentação (SR, constantes, alturas, logs).

21) Resumo

Constante certa + alturas corretas + conferência = levantamento e locação certos.


Base técnica:

Calibração e QA frequentes, Face L/R, backsight robusto, EDM com correções ambientais, documentação completa (SR, Hi/Hp, constante, métodos e QA).