"O Agrimensor contribui com a paz social através da determinação de limites."

Mapa topográfico com curvas de nível representando variações altimétricas do terreno, utilizado em levantamentos planialtimétricos e modelagem digital de relevo.

1) O que é

A malha triangular é um “tapete” de triângulos que cobre o terreno. Com ela, o computador entende a altura em qualquer ponto. As curvas de nível são linhas que ligam pontos com mesma altura (ex.: todas com 100 m).

Base técnica:
TIN (Triangulated Irregular Network): superfície contínua definida por vértices com cota (X, Y, Z) ligados por arestas. As curvas de nível são interseções dessa superfície com planos horizontais de cota Z = k, em equidistância definida.

2) Para que serve

  • Ver subidas/descidas do terreno.
  • Calcular cortes/aterros.
  • Ajudar no projeto (estrada, loteamento, drenagem).

Base técnica:
Base para MDT/MDE, declividade, aspecto, hidrologia, volumetria, seções/perfis, compatibilização de projetos de terraplenagem e análise geomorfológica.

3) TIN x Grade (Raster)

  • TIN: fica mais detalhado onde o terreno muda muito.
  • Grade (quadradinhos): mesma resolução em todo lugar (pode ficar pesado).

 

Base técnica:
TIN concentra vértices em áreas com alta variabilidade (eficiente). Raster/grade usa células de tamanho fixo (ex.: 0,5 m; 1 m). Para hidrologia e processos massivos, raster é comum; para projeto de engenharia e quebras de terreno, TIN com breaklines é superior.

4) Insumos necessários

  • Pontos com altura (da topografia ou drone).
  • Linhas importantes (taludes, sarjetas, cristas e vales).
  • Limite da área.


Base técnica:

  • Mass points (GNSS/RTK, estação total, LiDAR/fotogrametria).
  • Breaklines: cristas/talvegues, bordas de pavimento, muros, sarjetas, canais, borda de cortes/aterros.
  • Boundary: polígono de recorte.
  • Benchmarks/RN para referência vertical (checar datum/geóide).

5) Parâmetros-chave

  • Equidistância das curvas (ex.: 0,5 m, 1 m, 2 m).
  • Suavização sem “entortar” a realidade.
  • Mais pontos onde o terreno muda rápido.


Base técnica:

  • Equidistância pela escala/uso (urbano fino: 0,25–0,50 m; rural: 1–2 m).
  • Densidade de amostragem proporcional à rugosidade; reforçar com breaklines.
  • Smoothing/generalização: usar métodos que não desloquem significativamente a cota (evitar over-smooth).

6) Como gerar o TIN (passos)

  1. Junte pontos, linhas e limite.
  2. O software cria os triângulos.
  3. Corrija onde ficar estranho e reforce com linhas.


Base técnica:

  • Triangulação (geralmente Delaunay).
  • Enforcement de breaklines (obrigar arestas nas descontinuidades).
  • Limpeza: remover triângulos longos/finos na borda, checar flips indevidos.
  • Validação com perfis e pontos de checagem.

7) Como gerar curvas de nível

  1. Escolha a distância entre as curvas (ex.: 1 m).
  2. O sistema “corta” a malha nas alturas certas.
  3. Saem as curvas regulares e mestras (ex.: a cada 5 m).


Base técnica:

  • Extração por interseção TIN × planos Z.
  • Curvas mestras enfatizadas (ex.: a cada 5× equidistância).
  • Alisamento topológico com preservação de breaklines; evitar suavização que crie saddles irreais.

8) Hidrologia (malha “hidro-coerente”)

Marcar vales e cristas para a água “descer” pro lado certo.


Base técnica:

  • Hydro-enforced TIN: breaklines de talvegue e divisores; evitar depressões falsas.
  • Em raster: fill sinks, stream burn-in.
  • Garantir continuidade das cotas em canais, calhas e sarjetas.

9) Urbanismo e obras

  • Mostrar sarjetas, guias, rampas, taludes.


Base técnica:

  • Breaklines para bordas de pavimento, quebra de greide, meio-fio, canaletas.
  • MDT de projeto x MDT existente → mapa de corte/aterro.
  • Perfis e seções em vias, platôs e taludes.

10) Qualidade e validação (QA/QC)

  • Conferir com pontos medidos no chão.
  • Ver se as curvas fazem sentido (não cruzam entre si).


Base técnica:

  • RMSEz em checkpoints independentes.
  • Inspeção de curvatura: evitar “ruído em pente”.
  • Perfis de controle em áreas críticas.
  • Consistência planta ↔ memorial ↔ curvas.
  • Documentar datum/projeção/geóide.

11) Apresentação cartográfica

  • Curvas mestras mais grossas e com cota escrita.
  • Cores que ajudem a ler o relevo.


Base técnica:

  • Equidistância indicada no quadro (ex.: “Curvas a cada 1,0 m; mestras a cada 5,0 m”).
  • Espessuras/hierarquia visual (mestra, intermediária).
  • Rótulos nas mestras, orientação do texto montante-jusante.
  • Legenda, escala, norte, carimbo (RT, ART/RRT, SR/projeção, data).

12) Entregáveis e formatos

  • PDF da planta,
  • Arquivos pra AutoCAD e QGIS.


Base técnica:

  • DWG/DXF (curvas em layers: mestras/intermediárias; breaklines; limites).
  • SHP/GeoPackage das curvas e breaklines.
  • GeoTIFF (MDT/DSM) se também entregar grade.
  • LandXML/3D Faces DXF/TIN nativo (Civil 3D/InfraWorks/etc.).
  • CSV de coordenadas (ID;E;N;Z).

13) Erros comuns (e como evitar)

  • Poucos pontos onde o terreno muda muito.
  • Curvas serrilhadas.
  • Água subindo morro (malha errada).


Base técnica:

  • Falta de breaklines (taludes/sarjetas/talvegue).
  • Over-smooth que desloca cota; ou sem suavização (ruído).
  • Gaps/outliers nos pontos; triângulos “agulha” na borda.
  • Datum/projeção/geóide ausentes ou trocados.

14) Passo a passo prático (rota enxuta)

  1. Meça bem (mais pontos onde o terreno muda).
  2. Desenhe as linhas importantes (vales/taludes).
  3. Gere a malha e ajuste o que estiver estranho.
  4. Crie as curvas na distância certa e confira.

 

Base técnica:
Coleta → QC dos pontos → breaklines/boundary → triangulação (Delaunay) com enforcement → revisão com perfis/checagem → extração de curvas (equidistâncias + mestras) → QA/RMSEz → plotagem e entregas CAD/GIS.

15) Dúvidas rápidas

Qual equidistância usar?

Urbano/projeto fino: 0,25–0,5 m; loteamentos/estradas locais: 0,5–1 m; rural amplo: 1–2 m (ajuste ao objetivo/escala).


Posso só “alisar” as curvas?
Pode, com critério: suavizar sem distorcer a cota nem “apagar” quebras de terreno (mantenha breaklines).


Drone sem GCP funciona?

Dá, mas a cota absoluta pode sair ruim. Use RTK/PPK e checkpoints.

16) Resumo

Mais pontos onde precisa, linhas importantes desenhadas, curvas na distância certa e revisão = mapa que serve pra obra.


Base técnica:

TIN hidro-coerente com breaklines, QA/RMSEz com checkpoints, equidistância adequada, datum/projeção/geóide declarados, entregas CAD/GIS padronizadas e carimbo completo (RT + ART/RRT).