"O Agrimensor contribui com a paz social através da determinação de limites."

Equipamento GNSS RTK montado em tripé realizando medições geodésicas de alta precisão em área rural, utilizado para georreferenciamento e levantamentos topográficos.

1) O que é

RTK é um jeito de usar GPS/GNSS com correção ao vivo pra medir com precisão de centímetros. Um equipamento fica de base, outro é o rover (móvel).

 

Base técnica:
Método de posicionamento cinemático em tempo real que usa fase da portadora e correções diferenciais (RTCM) para resolver ambiguidades inteiras. Entrega coordenadas FIX (cm) quando há boa geometria e comunicação contínua.

2) Para que serve

  • Levantar pontos e locar obras com rapidez e precisão.
  • Georreferenciar perímetros e redes.

Base técnica:
Topografia cadastral/engenharia, controle de máquinas, monitoramento, apoio fotogramétrico/LiDAR, redes de referência e amarrações geodésicas.

3) Como funciona (base + rover)

 A base sabe onde está e manda correções pro rover pelo rádio ou internet. O rover usa isso pra “acertar” a posição.

 

Base técnica:
A base transmite observáveis/correções (RTCM 3.x/MSM). O rover combina com seus sinais e resolve ambiguidades; status FLOAT (dm) → FIX (cm) quando os resíduos ficam estáveis e o modelo iono/tropo/relógio fecha.

4) Tipos de RTK

  • Base própria + rádio (UHF/LoRa).
  • Internet (NTRIP) usando rede de estações (operadora).


Base técnica:

  • Single-base (baseline curta é melhor).
  • Network RTK: VRS, MAC, FKP geram correções espacialmente modeladas; dependem de caster (NTRIP) e dados móveis estáveis.

5) Equipamentos e requisitos

  • Receptor GNSS bom (duas ou mais frequências),
  • antena,
  • rádio ou 4G,
  • bastão e
  • controladora.


Base técnica:
Receptor multiconstelação/multifrequência (GPS/GLONASS/Galileo/BeiDou; L1/L2/L5), antena com calibração PCV, rádio UHF/LoRa ou NTRIP (APN de dados), bateria, coletores e software com log RINEX.

6) Precisão e limites

  • Horizontal: ~1–2 cm; Vertical: ~2–3 cm (condições boas).
  • Quanto mais longe da base, piora.


Base técnica:
Erro típico ±(8–10 mm + 1 ppm) horiz.; ±(15–20 mm + 1 ppm) vert. Baseline ideal ≤ 10–20 km (single-base). Acima disso, iono/tropo e multipath degradam, e o FIX fica instável.

7) Planejamento

Escolha hora com céu “limpo” pro satélite, evite árvores e telhados, teste a internet/rádio.

 

Base técnica:
Checar PDOP/HDOP (baixo), máscara de elevação (≥ 10–15°), previsão de constelações, interferências (multipath), link de comunicação (RSSI, pacote perdido) e backup (PPK).

8) Montagem da BASE (crítico!)

  • Base em lugar livre, nivelada e centralizada no ponto; informe altura certinho.
  • Se não sabe a coordenada da base, meça antes.

 

Base técnica:
Usar coordenada oficial (SIRGAS2000) do ponto ou determinar por estático/PPP; registrar ARP/altura vertical com mm; fixar constelações, RTCM, taxa e potência de rádio; logar RINEX.

9) Trabalho com o ROVER

Conectar ao rádio/NTRIP, esperar FIX, medir duas vezes os pontos importantes.

 

Base técnica:
Configurar SR/projeção, altura da antena, armazenar códigos, coletar redundante (Face L/R opcional, re-ocupação), controlar idade da correção (<3–5 s), número de satélites e resíduos.

10) Referência vertical (alturas)

Aparelho dá altura do elipsoide; pra virar altura “do mundo real”, usa-se um modelo geoidal.

 

Base técnica:
Converter h elipsoidal → H ortométrica com N geoidal (H = h − N). Declarar modelo geoidal usado, ou amarrar a RN (nivelamento) para robustez vertical.

11) Indicadores de qualidade (em campo)

Olhar se está FIX, com muitos satélites e correção rápida.

 

Base técnica:
Monitorar FIX/FLOAT, PDOP/HDOP, num. de satélites (≥ 20 em multi-GNSS ajuda), Age of Correction, std/resíduos, status do rádio/4G e ciclo de ambiguidades.

12) QA/QC no escritório

Comparar com pontos de checagem; se bateu, tá ok.

 

Base técnica:
Relatar RMSE (E/N/Z), reconstruir baseline, conferir coerência entre ocupações, verificar offsets de antena (ARP→APC/PCV), exportar CSV/DXF/SHP com metadados (SR, geóide, base, alturas, constantes).

13) RTK × PPK × PPP (quando usar cada um)

  • RTK: rápido, precisa link ao vivo.
  • PPK: pós-processa, salva quando o sinal cai.
  • PPP: usa só GNSS, mais lento pra estabilizar.

 

Base técnica:
RTK ótimo para obra e locação; PPK resolve gaps e longas baselines; PPP dá absoluto sem base local (tempo de convergência, melhor para coordenadas da base).

14) NTRIP (rede pela internet)

Configura servidor, usuário, senha e escolhe o ponto de montagem; precisa de 4G bom.

 

Base técnica:
NTRIP caster → mountpoint (VRS/MAC/FKP). Protocolos RTCM 3.x (MSM). Checar latência e coverage; se cair, registrar RAW para PPK.

15) Integração com Estação Total

Usa RTK pra criar pontos de apoio, depois mede detalhes com a estação.

 

Base técnica:
Implantar rede de controle em SIRGAS2000, fazer resecção com estação, ou ajustar transformação local (2D/3D Helmert) quando o projeto exige grade local (ground→grid).

16) Entregas e documentação

Não derrube, não mire no olho das pessoas, proteja de chuva e poeira.

Base técnica:
Laser classe segura, transporte travado, estojo e sílica, bateria em ciclos saudáveis, limpeza de lentes com pano apropriado, checklist diário.

17) Erros comuns (e como evitar)

  • Coordenada da base errada → tudo sai deslocado.
  • Altura da antena anotada errado.
  • Trabalhar sem FIX estável.

 

Base técnica:
Base sem datum/época corretos; multipath (perto de telhas/metais/árvores); baseline longa; Age alto; constante de antena e PCV ignorados; SR/projeção trocados; sem backup PPK.

18) Passo a passo prático (rota enxuta)

  1. Defina o SR e a precisão.
  2. Coordene a base (oficial/PPP) e monte.
  3. Configure rádio/NTRIP e RTCM.
  4. Entre em FIX e meça com repetição.
  5. Faça checagens e salve RAW.
  6. Entregue dados + relatório.


Base técnica:
Planejamento → base (coordenada/altura/RTCM/log) → rover (SR/altura/links) → coleta redundante com monitoramento de PDOP/age/resíduos → QA/QC (checkpoints, RMSE) → exportação CAD/GIS + metadados.

19) Checklist final (copiar/colar)

  • Coordenada da base válida (SIRGAS2000) e altura ARP precisa
  • RTCM correto, rádio/NTRIP estável, latência baixa
  • FIX consistente, PDOP baixo, muitos satélites
  • Modelo geoidal declarado e/ou RN vertical
  • Re-ocupação de pontos-chave e checkpoints
  • RINEX/logs salvos + relatório QA/QC
  • CSV/DWG/SHP com SR/projeção e metadados

20) Resumo

Base bem coordenada + FIX estável + altura certa + checagens = RTK no centímetro.


Base técnica:

  • Single-base curta ou Network RTK confiável;
  • SIRGAS2000 + modelo geoidal documentado;
  • QA/QC completo (RMSE, redundância, logs) e entregas padronizadas.