"O Agrimensor contribui com a paz social através da determinação de limites."

Estação total instalada em tripé realizando medições topográficas em área de terraplenagem, com solo avermelhado e superfície nivelada para preparação de obra civil.

1) O que é

É o serviço de cortar onde tem terra sobrando e aterrar onde falta, até deixar o terreno no nível certo para construir estrada, galpão, lote, barracão etc.

 

Base técnica:
Conjunto de operações de escavação, carga, transporte, espalhamento, compactação e acabamento para atingir cotas de projeto (planta/MDT), com estabilidade de taludes, drenagem e controle tecnológico.

2) Para que serve (aplicações)

 Preparar o chão pra obra: rua, loteamento, pátio, plataforma de galpão, barragem pequena, acesso, estacionamento.

Base técnica:
Adequar o terreno às exigências geométricas e geotécnicas do projeto (cotas, declividades, capacidade de suporte, drenagem superficial/subsuperficial).

3) O que vem antes (pré-requisitos)

  • Medição do terreno (mapa com alturas). 
  • Projeto dizendo quanto corta e quanto aterra. 
  • Ver se precisa de licença/autorização pra mexer no solo.


Base técnica: 

  • Levantamento planialtimétrico (e servidões/limites). 
  • Sondagens/ensaios de solo conforme a obra (granulometria, limites, umidade natural). 
  • Interferências: redes, APP, RL, cursos d’água.
  • Licenciamento/anuências (prefeitura, ambiental, vizinhança, acessos).

4) Projeto de terraplenagem (o “desenho do serviço”)

 É o mapa do antes e depois com as alturas, mostrando onde corta e onde aterra.


Base técnica:

  • MDT existente → definição de cotas-meta → mapa corte/aterro (isopletas).
  • Perfis e seções transversais (estradas/taludes).
  • Parametrização: declividades mín./máx., cotas de plataforma, acessos, bermas, faixas de domínio.
  • Balanço de massas para reduzir transporte.

5) Balanço de massas e logística

 A ideia é aproveitar a terra do próprio terreno: o que tira de um lugar, leva pro outro, pra gastar menos caminhão.


Base técnica:

  • Equilíbrio corte ↔ aterro (considerando fator de empolamento/contração).
  • Definição de jazida interna/externa e bota-fora (regularizados).
  • Rotas de transporte, tempos de ciclo, produtividade de escavadeiras, pás, caminhões.

6) Execução — escavação, carga, transporte

Escava com máquina, coloca no caminhão e leva pro lugar do aterro.


Base técnica:

  • Escavação por degraus seguros, taludes provisórios estáveis.
  • Proteção contra chuva (drenagem provisória).
  • Controle de mistura de materiais (evitar orgânicos/entulho em aterro estrutural).

7) Execução — aterro e compactação (coração da qualidade)

Espalha a terra em camadas finas e passa o rolo até ficar bem firme.


Base técnica:

  • Camadas típicas de 15–25 cm (após compactadas).
  • Umidade de compactação perto da ótima (± ~2%); corrigir com água/secagem.
  • Equipamento: rolo pé-de-carneiro/liso/vibratório, compactador de percussão em cantos.
  • Grau de compactação conforme projeto (ex.: ≥ 95% Proctor Normal para plataformas; até 100% Proctor Modificado para tráfego pesado).
  • Controle por trechos: liberar só o que atingir os índices.

8) Drenagem provisória e definitiva

 Faz valetas/sarjetas pra água não estragar o serviço; no fim, deixa sarjetas e bocas de lobo prontos.


Base técnica:

  • Drenagem de obra (provisória): valetas, desvios, dissipadores.
  • Drenagem final: sarjetas triangulares/reto-trapezoidais, caixas coletoras, leitos drenantes, drenos longitudinais/transversais.
  • Proteção de erosão: mulch, hidrossemeadura, enrocamento, geotêxteis.

     

9) Taludes e estabilidade

 As “paredes de terra” precisam ter inclinação segura pra não desbarrancar.


Base técnica:

  • Definição de inclinações (ex.: 1V:1,5H, 1V:2H – a definir por tipo de solo/rocha).
  • Bermas intermediárias, canaletas de crista/pé, proteção vegetal ou revetimentos.
  • Onde necessário, melhoramento (drenos, solo-cimento/cal, gabiões, muros de contenção).

10) Materiais do aterro e melhoramentos

 Nem toda terra serve. Terra orgânica/lixo não pode; às vezes precisa misturar com cal ou cimento pra ficar boa.


Base técnica:

  • Solos aptos: arenosos/siltosos/argilosos moderados, sem orgânicos.
  • Solos inaptos: turfa, entulho, materiais expansivos sem tratamento.
  • CBR/Índices de suporte conforme uso.
  • Solo-cal/solo-cimento para ganhar resistência e reduzir plasticidade quando necessário.

11) Controle tecnológico (como provar que “ficou bom”)

 Teste a umidade e a firmeza (compactação) de cada trecho antes de seguir.


Base técnica:

  • Proctor (curva de compactação) — normal/modificado.
  • Densidade in situ (areia/nuclear) → grau de compactação.
  • Umidade de obra (Speedy/estufa).
  • CBR/placa de carga quando exigido.
  • Rastreabilidade: lotes/camadas, planilhas de controle, as-built.

12) Segurança e meio ambiente

 Sinalize, não deixe barranco alto sem proteção, cuide do pó e da poeira, e não jogue terra em qualquer lugar.

Base técnica:

  • Frentes de escavação estáveis, vias internas sinalizadas, checklist de máquinas.
  • NRs aplicáveis (obras, máquinas, ruído, poeira).
  • Bota-fora/jazida com documentação, controle de sedimentos, proteção de corpos d’água.

13) Entregáveis do serviço (o que o cliente recebe)

  • Mapa final com as alturas que ficaram.
  • Relatório com o que foi feito.
  • Comprovantes dos testes (compactação).


Base técnica:

  • As built planialtimétrico do terreno acabado.
  • Relatório com volumes executados (corte/aterro), trechos liberados, ensaios (Proctor, densidade, CBR), fotos e ART/RRT.
  • Arquivos digitais (DWG/DXF/CSV/SHAPE) e PDF em escala.

14) Erros que custam caro (evite!)

  • Compactar molhado ou seco demais.
  • Não fazer drenagem.
  • Misturar terra ruim no aterro.
  • Curva de nível torta (desnível errado).


Base técnica:

  • Falta de controle de umidade e grau de compactação.
  • Ignorar fator de empolamento no balanço → faltas/sobras enormes.
  • Sem breaklines no MDT; sem proteção de talude.
  • Talude íngreme demais pro tipo de solo → instabilidade.

15) Passo a passo prático (rota enxuta)

  1. Mede o terreno (mapa com alturas).
  2. Faz o projeto (corte/aterro).
  3. Planeja terra que sai/entra e caminhões.
  4. Escava → transporta → aterra → compacta por trechos.
  5. Faz drenagem e acabamento.

16) Resumo

Projeto claro + compactação certa + drenagem = terraplenagem que não dá problema.


Base técnica:

  • Parâmetros definidos (cotas, Taludes, MDT).
  • Controle tecnológico em cada camada.
  • Materiais adequados e, quando preciso, melhoramento.